É mais que pixar no muro três letras,
ou estado de coisas materiais.
É mais que assinaturas de tratados,
ou apertos de mãos de dirigentes mundiais.
É mais que uma bandeira hasteada,
ou uma roda de violão e vozes a cantarolar.
É mais que desejar um feliz natal,
ou soltar pombas brancas ao ar.
Não adianta fazer marcha ou passeata,
greve de fome ou se auto flagelar.
Não adianta decretar um dia ou feriado,
se vestir de branco e jogar flores ao mar.
Não adianta fazer alianças contra o terrorismo
e matar e morrer em vão.
Não adianta construir mausoléu aos mártires
e salvas de tiros e bandeira no caixão.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
sábado, 28 de fevereiro de 2009
FLUXO CONSTANTE
Eu quis que tudo fosse resumido,
mas as pessoas chegavam sem parar
eu vi uma já morta,
mas alguém ainda tinha esperança que não.
Choros aos coros, vômitos e sangue,
dor bastava a minha,
mas tinha a dos outros
e eram tantas e procurava entender.
E ao me sentir um boi
denominei minha dor
ou seja o local, como lombo
por ser aqui nas costas.
Ouvindo even flow do Pearl Jam
a esta altura me soa genial,
uma canção pode nascer numa
sala de espera de um PS.
Mas neste caso seria o título
de uma sobre o entra e sai
de gente e eu ali com toda paciência
do mundo, sem saber o que viria.
E foi uma injeção na bunda,
lenta e dolorida,
algumas observações
e um conselho:
REPOUSO.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
mas as pessoas chegavam sem parar
eu vi uma já morta,
mas alguém ainda tinha esperança que não.
Choros aos coros, vômitos e sangue,
dor bastava a minha,
mas tinha a dos outros
e eram tantas e procurava entender.
E ao me sentir um boi
denominei minha dor
ou seja o local, como lombo
por ser aqui nas costas.
Ouvindo even flow do Pearl Jam
a esta altura me soa genial,
uma canção pode nascer numa
sala de espera de um PS.
Mas neste caso seria o título
de uma sobre o entra e sai
de gente e eu ali com toda paciência
do mundo, sem saber o que viria.
E foi uma injeção na bunda,
lenta e dolorida,
algumas observações
e um conselho:
REPOUSO.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
ESPÍRITO NA NOITE
O fantasma se assombra
com a pequenez dos dias idos
as marchas de soldados juvenis
indo pra guerra
ardendo em suas paixões varonis.
Um novo tempo sem a depressão
sem Vietnãs, Golfo Pérsico ou Afeganistão.
O orgulho ferido,
a ferida fétida,
um cachorro comendo
o próprio vômito.
O fantasma errante agora
transborda e chora seus poucos
anos vividos.
Seus olhos de azul intenso,
um bebê muito lindo,
uma mãe super contente
o embala em braços roliços.
O bebê tem alimento,
carinho e abrigo.
Tem bosques e cheiro de eucalipto
e a lua é logo ali
e o sol é logo ali.
Basta um sorriso,
basta um piscar de olhos,
basta sonhar e sonhar.
E brincar e cantar
e dançar ao tempo
o corpo solto, o espírito livre.
Os melhores dias
ainda estão por vir.
As melhores canções
ainda estão por ser compostas.
O bebê não é estúpido,
é pura inocência.
É simplesmente um fantasma
de lindos olhos azuis.
Pode voar,
pode nadar,
pode correr.
Não há limites, muito menos fronteiras,
não há bilhete de passagem,
nem passaporte com carimbo.
Só uma gaitinha soando
um folk suave,
sem bandeira, sem dono.
Composto por alguém num dia frio
e carregado pelos trilhos do mundo
numa velha Maria Fumaça.
Nem alegre, tampouco triste,
mas carregada de paixão.
Daquelas canções sem refrão,
carregadas de sentimento,
carregadas de suor,
carregadas de dias.
Mas mesmo com tanta liberdade
o fantasma escolheu o banco da praça,
escolheu um céu de inverno,
escolheu deixar rolar,
rolar mais uma lágrima.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
com a pequenez dos dias idos
as marchas de soldados juvenis
indo pra guerra
ardendo em suas paixões varonis.
Um novo tempo sem a depressão
sem Vietnãs, Golfo Pérsico ou Afeganistão.
O orgulho ferido,
a ferida fétida,
um cachorro comendo
o próprio vômito.
O fantasma errante agora
transborda e chora seus poucos
anos vividos.
Seus olhos de azul intenso,
um bebê muito lindo,
uma mãe super contente
o embala em braços roliços.
O bebê tem alimento,
carinho e abrigo.
Tem bosques e cheiro de eucalipto
e a lua é logo ali
e o sol é logo ali.
Basta um sorriso,
basta um piscar de olhos,
basta sonhar e sonhar.
E brincar e cantar
e dançar ao tempo
o corpo solto, o espírito livre.
Os melhores dias
ainda estão por vir.
As melhores canções
ainda estão por ser compostas.
O bebê não é estúpido,
é pura inocência.
É simplesmente um fantasma
de lindos olhos azuis.
Pode voar,
pode nadar,
pode correr.
Não há limites, muito menos fronteiras,
não há bilhete de passagem,
nem passaporte com carimbo.
Só uma gaitinha soando
um folk suave,
sem bandeira, sem dono.
Composto por alguém num dia frio
e carregado pelos trilhos do mundo
numa velha Maria Fumaça.
Nem alegre, tampouco triste,
mas carregada de paixão.
Daquelas canções sem refrão,
carregadas de sentimento,
carregadas de suor,
carregadas de dias.
Mas mesmo com tanta liberdade
o fantasma escolheu o banco da praça,
escolheu um céu de inverno,
escolheu deixar rolar,
rolar mais uma lágrima.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
POR TRÁS DOS SONHOS...
Dois pinheiros,
Arrancá-los de madrugada,
sem deixar vestígios,
cimentar tudo.
Usá-los como refêrencia,
ou nome fantasia
de um empreendimento qualquer.
Atrás daqueles dois pinheiros
Tem gente que sonha
e sonha...
E os pinheiros crescem
e crescem...
Os dias passam,
os anos entram e saem
e os sonhos nascem e morrem.
Muitos de parto prematuro,
outros de aborto,
muitos induzidos.
O que há por trás dos dois pinheiros?
Gente que sonha e envelhece.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
Arrancá-los de madrugada,
sem deixar vestígios,
cimentar tudo.
Usá-los como refêrencia,
ou nome fantasia
de um empreendimento qualquer.
Atrás daqueles dois pinheiros
Tem gente que sonha
e sonha...
E os pinheiros crescem
e crescem...
Os dias passam,
os anos entram e saem
e os sonhos nascem e morrem.
Muitos de parto prematuro,
outros de aborto,
muitos induzidos.
O que há por trás dos dois pinheiros?
Gente que sonha e envelhece.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
E CONHECEREIS A VERDADE...
É estranho o que se sente
acordado sob tensão
ouvindo rock n’ rool
e bebendo água mineral.
O vômito pode ser o transbordar da ingestão de alimentos e bebidas.
A poesia pode ser o transbordar da ingestão de sonhos e pesadelos.
Pode um estômago ficar vazio?
Pode um coração ficar vazio?
Alguns misturam sua poesia
a suas sensações,
misturo minha poesia
a minhas emoções.
Vivo e morro pelo que amo,
não pelo que gosto.
Sei que um homem livre nunca morre,
pois hoje sei que só o amor liberta.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania do Sentidos
acordado sob tensão
ouvindo rock n’ rool
e bebendo água mineral.
O vômito pode ser o transbordar da ingestão de alimentos e bebidas.
A poesia pode ser o transbordar da ingestão de sonhos e pesadelos.
Pode um estômago ficar vazio?
Pode um coração ficar vazio?
Alguns misturam sua poesia
a suas sensações,
misturo minha poesia
a minhas emoções.
Vivo e morro pelo que amo,
não pelo que gosto.
Sei que um homem livre nunca morre,
pois hoje sei que só o amor liberta.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania do Sentidos
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
JARDIM DE INFÂNCIA
Em que passei minha melhor vida,
em que calmo e sossegado
descansava a sombra da minha árvore
cortando e limpando com os dentes
a cana achada no caminho.
Chupando cana e assobiando uma canção
Com a cara suja e pés no chão.
Hoje muitos anos passados,
és um condomínio de prédios
classe alguma coisa
com parquinho de diversão
e quadra de esportes.
Não és nem sombra
do meu jardim de infância
e as crianças que descansam
a sombra de um quiosque de cimento
engolindo Elma chip’s,
cantam hip hop
com refrãos de morte e dor.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
em que calmo e sossegado
descansava a sombra da minha árvore
cortando e limpando com os dentes
a cana achada no caminho.
Chupando cana e assobiando uma canção
Com a cara suja e pés no chão.
Hoje muitos anos passados,
és um condomínio de prédios
classe alguma coisa
com parquinho de diversão
e quadra de esportes.
Não és nem sombra
do meu jardim de infância
e as crianças que descansam
a sombra de um quiosque de cimento
engolindo Elma chip’s,
cantam hip hop
com refrãos de morte e dor.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
SUSTO
Se você for caminhar sozinho, ao atravessar
a estrada atrás do consciente, ao adentrar
na parede do desconhecido, a janela não existe.
As portas fecham-se atrás das suas costas,
não tem essa de escolha errada, é preciso encarar
e fazer a próxima escolha
e não tem essa de escolha certa,
apenas vive-se e pronto.
Arrependimento e remorso tanto fazem,
não se pode voltar e prosseguir pode ser doloroso,
mas só quem tem coragem de manter-se vivo
pode provar o quê, o por quê,
o fim de todas as coisas.
Explicar não se pode nem tentar, é perda de tempo,
o medroso vive assustado, teme e é covarde.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
a estrada atrás do consciente, ao adentrar
na parede do desconhecido, a janela não existe.
As portas fecham-se atrás das suas costas,
não tem essa de escolha errada, é preciso encarar
e fazer a próxima escolha
e não tem essa de escolha certa,
apenas vive-se e pronto.
Arrependimento e remorso tanto fazem,
não se pode voltar e prosseguir pode ser doloroso,
mas só quem tem coragem de manter-se vivo
pode provar o quê, o por quê,
o fim de todas as coisas.
Explicar não se pode nem tentar, é perda de tempo,
o medroso vive assustado, teme e é covarde.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
UM HOMEM SÓ
Pode falar sozinho;
Pode andar sozinho;
Pode rir de si mesmo;
Pode lamber as próprias feridas.
Tomar uma atitude pensada;
Prestar-se a atropelar a fantasia;
Favorecer a realidade tramada;
Velar o sonho a noite toda.
CRIANÇA
Pureza.
Nega-se ou admite-se.
Não a parênteses, colchetes ou chaves,
somente travessão e ponto final.
E muitas ???
ADOLESCENTE
Não sei, talvez.
Só contrariar,
biquinho.
Agora não quero mais!
JUVENTUDE
Explode pavio curto,
joga-se todas a fichas,
alguns sobrevivem
outros ficam pelo caminho.
ADULTO
Ter que ser exemplo,
independente de querer ou não,
porque se é e ponto,
está armada a armadilha.
CICLO
Nunca tem fim
segue-se a eterna aliança
filhos carregados de genes de seus pais
tentando mudar sua herança.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Pode falar sozinho;
Pode andar sozinho;
Pode rir de si mesmo;
Pode lamber as próprias feridas.
Tomar uma atitude pensada;
Prestar-se a atropelar a fantasia;
Favorecer a realidade tramada;
Velar o sonho a noite toda.
CRIANÇA
Pureza.
Nega-se ou admite-se.
Não a parênteses, colchetes ou chaves,
somente travessão e ponto final.
E muitas ???
ADOLESCENTE
Não sei, talvez.
Só contrariar,
biquinho.
Agora não quero mais!
JUVENTUDE
Explode pavio curto,
joga-se todas a fichas,
alguns sobrevivem
outros ficam pelo caminho.
ADULTO
Ter que ser exemplo,
independente de querer ou não,
porque se é e ponto,
está armada a armadilha.
CICLO
Nunca tem fim
segue-se a eterna aliança
filhos carregados de genes de seus pais
tentando mudar sua herança.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
PALADAR
Abro os olhos e estou vivo,
vou para a minha janela,
o cenário lá fora avisto.
Passam pelos meus olhos cenas,
nenhum espetáculo,
a não ser sobrevivência.
O gosto em minha boca é de enlatado,
estabilizante, anti oxidante, acidulante, conservador
e aroma artificial de alguma coisa natural,
ao que insistentemente acrescento
uma pitada de amor.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
SENSITIVO
Quase seis da manhã, ou seja, cinco e cinqüenta e cinco...
Uma borboleta azul intenso, de um voar suave,
vem me trazer recordações antigas,
de um sonho outrora vivo.
E me diz num bater de asas:
Você ainda é livre!
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
COMPREENDER
“Quão difícil
a métrica
tétrica perpétua
fujo por um
lugar ao sol
me encontro
com o caos
antevejo você”
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
a métrica
tétrica perpétua
fujo por um
lugar ao sol
me encontro
com o caos
antevejo você”
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
CONDICIONAL
A vida segue seu curso
O Homem perde-se em custo
A dor sufoca e oprime
Esperando a libertação
Segue seu curso
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
O Homem perde-se em custo
A dor sufoca e oprime
Esperando a libertação
Segue seu curso
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
Carta aos desabrigados e desalojados de SC
Não vou falar do que aprendi,
Não vou falar do que senti,
Não vou falar do que morri.
Não vou falar dos turistas da desgraça alheia com suas digitais e olhares.
Não vou falar dos oportunistas aumentando os preços das mercadorias e serviços.
A vocês que ficaram boa sorte
A vocês que partiram boa morte
A nós afetados...
Carta a los desamparados y desalojados de SC
No voy a hablar del que aprendí,
No voy a hablar del que sentí,
No voy a hablar del que morí.
No voy a hablar de los turistas de la desgracia ajena con sus digitales y mires.
No voy a hablar de los oportunistas aumentando los precios de las mercancías y servicios.
A vosotros que quedaron buena suerte
A vosotros que partieron buena muerte
A nosotros afectados...
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Não vou falar do que senti,
Não vou falar do que morri.
Não vou falar dos turistas da desgraça alheia com suas digitais e olhares.
Não vou falar dos oportunistas aumentando os preços das mercadorias e serviços.
A vocês que ficaram boa sorte
A vocês que partiram boa morte
A nós afetados...
Carta a los desamparados y desalojados de SC
No voy a hablar del que aprendí,
No voy a hablar del que sentí,
No voy a hablar del que morí.
No voy a hablar de los turistas de la desgracia ajena con sus digitales y mires.
No voy a hablar de los oportunistas aumentando los precios de las mercancías y servicios.
A vosotros que quedaron buena suerte
A vosotros que partieron buena muerte
A nosotros afectados...
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
DIGITAL
De reflexão em reflexão vou seguindo
Passando por muitos momentos alegres
Algumas tristezas também,
Mas guardando no peito minhas experiências.
Não me tomes por mau,
Todos temos momentos difíceis,
Se faço o mal que não quero,
O bem que habita em mim me faz prosseguir.
RETINA
Um dia bonito não necessariamente precisa ser de verão...
Se dá conta às vezes que uma cuia de chimarrão num dia frio
E um olhar perdido pela janela,
Traz-me as mais lindas lembranças.
E me faz querer fazer as mais lindas ações,
Nascidas de um sonho, uma esperança.
Mastigando silêncio me coloco a pensar em muitas coisas,
Contemplo muitas outras.
Emoções me ocorrem maneando passado e presente
Motivo de alteração de percepção.
Gosto de observar as crianças em suas brincadeiras sem relógio
Nem compromisso, a não ser com a alegria de viver,
Sendo puras, me lembrando que puro fui.
Não gosto de conversa fiada, nem chocarrice de tolos,
Que passam a vida a invejar as vitórias de outrem
E maldizem o amor, fazem juízo e não se dão ao respeito.
SENSORIAL
Gosto de pedir licença ao entrar e ao sair.
Não acredito em destino, muito menos predestinação.
Um bom vinho o é e só.
Com uma boa companhia,
Boa música e boa conversa o é melhor ainda.
Conheço muitas formas de se comunicar,
Mas não conheço uma melhor que a dos sentidos,
Temos cinco, lembra?
SONORO
Nem sempre sou compreendido, nem sempre compreendo os outros.
Quando tinha doze anos completos, li um livro chamado a lua,
Talvez soe ridículo admitir, mas hoje vinte e sete anos se passaram.
E ainda não andei por lá.
Houve um filho de homem ao qual devotei meus ouvidos por muitos anos
E segui seus toques e perambulei pelos corredores de muitas bibliotecas,
Nem uma de Alexandria é bem verdade,
Mas me dediquei a ir mais além.
Vi o ocaso daquele homem num show em junho de oitenta e nove,
Fiquei bem em frente ao palco e quando avistei sua entrada
Uma multidão gritava e se apertava e meu amigo chorava me abraçando
Fiquei cego literalmente e perdi também a audição,
Foram longos minutos e quando retomei meus sentidos o que vi
Foi uma massa de desorientados, e o Raul morto ali ao lado
De um estereótipo moldado a álcool e cocaína.
E soube que tinha de continuar em frente.
Dia desses um garoto de doze anos me questionou a respeito
Como era viver naquele tempo, coisa e tal.
Lamentou não ter minha idade,
Dizendo que devia ter nascido naquele tempo.
E continuou me falando do que vi, como se fosse novidade,
Sem ver que ele pode ser a novidade que ainda está por vir.
Retruquei-lhe que se tivesse a idade de seu pai, o seria o próprio.
Tu achas que ouviu?
Eu também não ouvi,
Tu também não ouviste e
Ele te cantará sapato trinta e seis,
Foi um longo percurso até aqui,
Queres eleger um deus para te destruir?
Macho e fêmea te fez
Soprando-lhe nas narinas seu espírito,
Homem te fez.
FRAGRÂNCIA
Quando olho através da janela, é triste o que vejo.
Como não imputar-nos o que vivemos,
Lamentável é perceber em cada corpo, instintos a nos dominar.
Da paixão ao nos entregarmos à tirania de querer conquistar,
Que valia tem um rude dentro de casa
Que não fora se entregar ao trabalho
E lhe trazer o sustento
Farsa, erro ou engano?
SALIVA
O rei sábio falou e faz muito tempo, bem mais que dois mil anos.
E como era de costume um escriba conservou para a posteridade
Uma máxima ou quem sabe uma pérola:
“Tomará alguém fogo no seu seio, sem que as suas vestes se queimem?”.
Ou andará alguém sobre as brasas, sem que se queimem seus pés?”.
O que sabemos do amor e do ódio,
O que temos é paixão.
Comendo do fruto, abriram-se-lhes os olhos e conheceram o bem e o mal.
Com um trafegar contínuo, continuo.
Falando sozinho, olhando pela janela.
E porque este sorriso?
Por que sim é resposta.
Quem tem pena de quem se acha potente,
De quem com a cara lavada
Esconde-se por trás de uma posição,
Chorando a vida vivida, implorando consideração.
Quem ri das gentes das cidades
Tão distantes de si mesmas,
Aprisionadas em seus afazeres
Passando de lá para cá,
Em seus automóveis altamente poluidores.
Surgindo nuas na rua asfaltada,
Levitando para não queimar os pés.
Comiseração!
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
De reflexão em reflexão vou seguindo
Passando por muitos momentos alegres
Algumas tristezas também,
Mas guardando no peito minhas experiências.
Não me tomes por mau,
Todos temos momentos difíceis,
Se faço o mal que não quero,
O bem que habita em mim me faz prosseguir.
RETINA
Um dia bonito não necessariamente precisa ser de verão...
Se dá conta às vezes que uma cuia de chimarrão num dia frio
E um olhar perdido pela janela,
Traz-me as mais lindas lembranças.
E me faz querer fazer as mais lindas ações,
Nascidas de um sonho, uma esperança.
Mastigando silêncio me coloco a pensar em muitas coisas,
Contemplo muitas outras.
Emoções me ocorrem maneando passado e presente
Motivo de alteração de percepção.
Gosto de observar as crianças em suas brincadeiras sem relógio
Nem compromisso, a não ser com a alegria de viver,
Sendo puras, me lembrando que puro fui.
Não gosto de conversa fiada, nem chocarrice de tolos,
Que passam a vida a invejar as vitórias de outrem
E maldizem o amor, fazem juízo e não se dão ao respeito.
SENSORIAL
Gosto de pedir licença ao entrar e ao sair.
Não acredito em destino, muito menos predestinação.
Um bom vinho o é e só.
Com uma boa companhia,
Boa música e boa conversa o é melhor ainda.
Conheço muitas formas de se comunicar,
Mas não conheço uma melhor que a dos sentidos,
Temos cinco, lembra?
SONORO
Nem sempre sou compreendido, nem sempre compreendo os outros.
Quando tinha doze anos completos, li um livro chamado a lua,
Talvez soe ridículo admitir, mas hoje vinte e sete anos se passaram.
E ainda não andei por lá.
Houve um filho de homem ao qual devotei meus ouvidos por muitos anos
E segui seus toques e perambulei pelos corredores de muitas bibliotecas,
Nem uma de Alexandria é bem verdade,
Mas me dediquei a ir mais além.
Vi o ocaso daquele homem num show em junho de oitenta e nove,
Fiquei bem em frente ao palco e quando avistei sua entrada
Uma multidão gritava e se apertava e meu amigo chorava me abraçando
Fiquei cego literalmente e perdi também a audição,
Foram longos minutos e quando retomei meus sentidos o que vi
Foi uma massa de desorientados, e o Raul morto ali ao lado
De um estereótipo moldado a álcool e cocaína.
E soube que tinha de continuar em frente.
Dia desses um garoto de doze anos me questionou a respeito
Como era viver naquele tempo, coisa e tal.
Lamentou não ter minha idade,
Dizendo que devia ter nascido naquele tempo.
E continuou me falando do que vi, como se fosse novidade,
Sem ver que ele pode ser a novidade que ainda está por vir.
Retruquei-lhe que se tivesse a idade de seu pai, o seria o próprio.
Tu achas que ouviu?
Eu também não ouvi,
Tu também não ouviste e
Ele te cantará sapato trinta e seis,
Foi um longo percurso até aqui,
Queres eleger um deus para te destruir?
Macho e fêmea te fez
Soprando-lhe nas narinas seu espírito,
Homem te fez.
FRAGRÂNCIA
Quando olho através da janela, é triste o que vejo.
Como não imputar-nos o que vivemos,
Lamentável é perceber em cada corpo, instintos a nos dominar.
Da paixão ao nos entregarmos à tirania de querer conquistar,
Que valia tem um rude dentro de casa
Que não fora se entregar ao trabalho
E lhe trazer o sustento
Farsa, erro ou engano?
SALIVA
O rei sábio falou e faz muito tempo, bem mais que dois mil anos.
E como era de costume um escriba conservou para a posteridade
Uma máxima ou quem sabe uma pérola:
“Tomará alguém fogo no seu seio, sem que as suas vestes se queimem?”.
Ou andará alguém sobre as brasas, sem que se queimem seus pés?”.
O que sabemos do amor e do ódio,
O que temos é paixão.
Comendo do fruto, abriram-se-lhes os olhos e conheceram o bem e o mal.
Com um trafegar contínuo, continuo.
Falando sozinho, olhando pela janela.
E porque este sorriso?
Por que sim é resposta.
Quem tem pena de quem se acha potente,
De quem com a cara lavada
Esconde-se por trás de uma posição,
Chorando a vida vivida, implorando consideração.
Quem ri das gentes das cidades
Tão distantes de si mesmas,
Aprisionadas em seus afazeres
Passando de lá para cá,
Em seus automóveis altamente poluidores.
Surgindo nuas na rua asfaltada,
Levitando para não queimar os pés.
Comiseração!
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Tirania dos Sentidos
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
10 ANOS
Eu vi e eram duas cabeças que se amavam, rolando soltas por este mundo afora,
por fora do muro, atravessando todas as fronteiras se amavam.
por fora do muro, atravessando todas as fronteiras se amavam.
Duas cabeças soltas no mundo.
PAULO ROBERTO WOVST LEITE
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