domingo, 10 de outubro de 2010

RISO IDIOTA

Novamente sorrindo
um riso idiota
se movendo de lado
como um caranguejo
com a memória cheia,
mamãe me prepara um café da manhã
o móbile sobre minha cabeça
é um monte de ciclistas doidos
andando numa roda só.

Venha junto comigo
de mãos dadas ou não,
dar uma volta no carrossel
dos cavalinhos coloridos,
tudo aqui é tão cheio de vida,
estrelas anãs explodem a todo momento,
beijo de língua e tapa na cara,
cheiro de colônia barata,
uma corda pendurada na árvore.
Mamãe não é que não goste
só estou com um pouco de raiva
enquanto estes ciclistas doidos
andam sobre minha cabeça
e boto na cara esse riso idiota.

Lá pelo limite da cidade
encontro passado e presente
lado a lado sem se tocar
convivendo com um olhar
perdido para o futuro.
Damas passam com seus cavalheiros
vão para missa matinal
os sinos tocam chamando todos,
mamãe vou encher a barriga
na festa do divino espírito santo,
encher a cara de álcool
e achar alguém pra levar pra cama.

Coisa horrível o gosto de vômito,
acho que foi o carrossel
e seus cavalinhos coloridos,
não me lembro de muita coisa,
o sangue no lençol
já não me diz nada.
Difícil de acreditar, mas estou
com saudades dos ciclistas doidos,
queria dar-lhes umas porradas
assim descarregava um pouco,
enquanto eles voassem por cima
da minha cabeça
e quem sabe tirava da cara esse
riso idiota. 

PAULO ROBERTO WOVST LEITE
PRÉ SUPOSTO