sábado, 29 de outubro de 2011

DENTRO DA CIDADE

Acordou antes do sol
deu bom dia
antes dos pássaros
ficou cantarolando
come together
pensou que talvez
fosse melhor dormir novamente
mas seu futuro
estava ali logo à frente
naquela esquina
é que havia muitas curvas
e às vezes cambaleando
confuso
ou apenas cansado
deixava-se levar por uma sensação
de desamparo.

Lembrou-se daquele cara legal
que perdeu uma perna
treinando para correr o ultramam
e da conversa que tiveram por longas horas
na fila da perícia do INSS
aprendeu que tudo na vida
pode se resumir a uma surpresa
que chega
e vira companheira pro resto da vida
tomou fôlego e achou melhor
esperar a claridade
enquanto matava alguns amigos
que precisava deixar pelo caminho
pode notar que uns eram mais fáceis que outros
e que haviam uns que nem lembrava a influência
é obvio que não
é claro que não
o pó da estrada lembra?
só você ficou como havia profetizado
estendeu o braço e ofereceu a mão.

PRÉ SUPOSTO
PAULO ROBERTO WOVST LEITE.

sábado, 8 de outubro de 2011

O que era para ser mesmo?

Foi numa quinta,
dia qualquer poderia ter sido;
não tinha nada além
de um trabalho a fazer.
Uma responsabilidade a cumprir;
não chegava a ser um ato solene;
uma aula apenas,
mas
de cara em frente ao espelho,
ri, odiei, chorei,  amei...

De emoções guardadas.
Paulo Roberto Wovst Leite.

domingo, 31 de julho de 2011

Pão e Poesia em exposição na Biblioteca




A Editora Cultura em Movimento da Fundação Cultural de Blumenau abre segunda-feira, 1◦, a exposição de poemas Pão e Poesia, uma homenagem aos escritores selecionados para esta primeira etapa do ano do projeto. A mostra ficará aberta à visitação pública na Biblioteca Municipal Fritz Müller, até o dia 31 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h30, e aos sábados, das 8 horas ao meio-dia. A entrada é gratuita.

domingo, 10 de julho de 2011

Pão e Poesia está nas padarias

O projeto Pão e Poesia da Editora Cultura em Movimento da Fundação Cultural de Blumenau já está circulando em padarias de diversas cidades catarinenses. Desta vez são 75 mil cartuchos de pão com poemas e textos impressos na gráfica da Fundação e distribuídos gratuitamente pela empresa Incorpel.


Escritores participantes 

Sandra Laurita
Neida Rocha
Jackeline Nawá
Fabiana Lange
Viviana Borchardt
Hugo Quintana
Jussara Ferreira
Lucinda Costa
Diva Martinelli
Harry Wiese
Ruca Souza
Valdeck Almeida de Jesus
Odolivio da Silva
Paulo Roberto Wovst Leite
Ricardo Brandes
Rosane Magaly Martins
tuco egg
Gabriel Gómez
Cláudia Vetter
Ana Peres Batista
Iris Schreiber
Fátima Venutti


SEMPRE QUE INICIAMOS UM NOVO DIA


Vou compor uma nova canção
Que vai falar de amor
Vou comprar um violão
Que vai ser meu companheiro
Quero fazer um refrão
Vem comigo ver o nascer do sol
Fazendo uma caminhada na praia
Vem comigo ver o pôr do sol
Fazendo uma cavalgada numa colina
Vou falar de gente que ama
Que chora e se emociona
Que gosta de luar e estrelas
E que não deseja pro seu próximo
O que não quer pra si

PAULO ROBERTO WOVST LEITE

sábado, 28 de maio de 2011

CADA DIA SE BASTA (desfecho)

A RETIRADA.


E cumpriu formalidades, assinou papéis diversos; correu de lá para cá. Pegou filas, recebeu apertos de mão, abraços e tapinhas nas costas.
Eram muitos os beneficiários. Sindicatos, partido, políticos amigos, museus, fundações, clubes, inclusive o advogado que leu o testamento. Emiliano cuidou de tudo pessoalmente para que fosse feito sem ressalvas, ao pé da letra e só após ter certeza que tudo estava conforme a vontade de seu pai, descansou.
Finalmente pôde voltar para sua casa de campo, longe de tudo e de todos aos quais não pertencia, para seu trabalho com a criação, com a horta e o pomar. Voltar para a escolha que havia feito a muito tempo.


Ensaiando um conto...
Paulo Roberto Wovst Leite.

sábado, 14 de maio de 2011

CADA DIA SE BASTA (parte 4)

ATO SOLENE.

O plenário repleto; sessão na Câmara Municipal. Especial menção honrosa e virou nome de ponte. Tenório da Silva, como disse o orador:
_ Homem destacado, bom cidadão, articulado e inteligente, grande político, enorme perda.
Foi chamado o governador para reinaugurar a ponte, fizeram uma pracinha e colocaram busto de bronze, placa de homenagem e dedicatória, tudo com esmerado agradecimento pelos serviços prestados à comunidade.
E Emiliano Zapata da Silva compareceu a solenidade e também a reinauguração da ponte e apesar de não entenderem, atenderam ao único pedido do único descendente do ilustre Tenório da Silva. E constou na placa o pedido de Emiliano. E lia-se:
“QUANDO VEM A SOBERBA, VEM TAMBÉM A DESONRA; MAS COM OS HUMILDES ESTÁ A SABEDORIA”. [Provébios 11-2]

Ensaiando um conto...
Paulo Roberto Wovst Leite.

domingo, 8 de maio de 2011

CADA DIA SE BASTA (parte 3)

ATÉ QUE A MORTE OS...

Emiliano não podia entender a mãe com os olhos arregalados, aquele pavor em sua face não combinava com a docilidade que transmitia e cultivava. O mais intrigante era aquele sorriso no rosto do pai, parecia mais uma nova faceta. Morreu com um charuto numa mão, o controle remoto na outra e um copo de conhaque pela metade, comentou ao seu ouvido um bajulador.
Toda aquela gente, todos aqueles pêsames e lhe ocorreu que não teria nenhum dos dois, nem mesmo para nunca mais.
O pai sempre fora popular, a mãe sempre estivera ao seu lado, nada mais original os dois ali lado a lado como sempre. Ajeitou o bigode, lembrou-se de algo que lera um dia sobre a vanidade da vida; olhou de novo para o pai inerte e teve náuseas.

Ensaiando um conto...
Paulo Roberto Wovst Leite.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

CADA DIA SE BASTA (parte 2)


HORÁRIO NOBRE

Elisa já se acostumara a ver o marido assim, na verdade não o conhecera diferente, mas ultimamente andava magoada e a voz de seu pai parecia viva dentro de si lembrando-lhe os defeitos de Tenório.
Elisa sempre dedicara ao seu homem um amor de menina moça, apaixonada, impressionada com as vociferações, discursos e a habilidade dele com as palavras, orgulhosa com os seus muitos compromissos, com toda aquela gente importante que lhe ligava, procuravam-o ou surgiam no portão chamando-o a qualquer hora.
E lá estava Tenório, controle remoto numa mão, charuto na outra e um copo de conhaque a espera, olhou-o fixamente e surgiu-lhe um espanto, um arrepio, uma coisa, correu pro telefone, mas no caminho precipitou-se ali mesmo, na ante sala, olhou pro lado e viu o pai deitado numa maca, morrendo no hospital, segurando-lhe a mão e falando (não como no dia do acontecido com voz fraca e trêmula) com voz firme e dura:
_Filha o que me importa aquele glutão ocioso, acaso nessa hora precisaria eu ouvir alguma mentira daquele falador!
Voltou-lhe a visão da sala e a lembrança, precisava falar com Emiliano, não conseguia se mover e temeu e gritou por Tenório e ouviu-o dizer:
_ Agora não Elisa, vem cá você!

Ensaiando um conto...
Paulo Roberto Wovst Leite.

domingo, 10 de abril de 2011

CADA DIA SE BASTA


FAZ-SE NOITE NA CASA DE CAMPO

Cai a tarde, o sol jaz no poente e *Emiliano sorri dentro do peito, ajeita o bigode e o topete do chimarrão, sorve um gole longo e pensativo, assovia uma milonga, observa os quero-queros rixosos aos gritos voando de lá para cá, pega o bandoneón, começa a soltar e compor em notas alguma vontade e deixa transbordar o coração, seu olhar perde-se no horizonte, capturando os últimos minutos do pôr do sol, um sorriso brota-lhe nos lábios suavizando-lhe o rosto, suspira satisfeito e o bandoneón chora.

* Sempre fora um homem hospitaleiro, amante do que é bom, sóbrio, justo, honrado, contido nas palavras e dono de si mesmo.

Ensaiando um conto...
Paulo Roberto Wovst leite.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Hechizo

 MAGIA
Hoje de manhã recebi uma dosagem cavalar de attaque 77/ via um amigo argentino/ o que me deixou bem/ bem melhor que antes/ bem melhor pra daqui a pouco/ bem melhor pra depois.
Obrigado Fernando!

HECHIZO
Esta mañana he recibido una alta dosis de Attaque 77, a través de un amigo argentino. Lo que me dejó bien, mucho mejor que antes, mucho mejor por un tiempo, mucho mejor para más adelante.
¡Gracias Fernando!


Paulo Roberto Wovst Leite
Homenagens

sábado, 19 de março de 2011

AO MESMO TEMPO

VELHAS LEMBRANÇAS NA ESTRADA VELHA
SOAM COMO UM BLUES

UM VELHO BLUES
QUE FALA DE ESPERANÇAS E SONHOS

EU TENHO O NOVO
BEM AO ALCANCE DAS MINHAS MÃOS

MAS DENTRO DE MIM
VELHO E NOVO COEXISTEM

PAULO ROBERTO WOVST LEITE
LINHA 300

segunda-feira, 7 de março de 2011

Som da bigorna

Cabeça aos avessos, martelo de bola, aço, espaço.
Bigorna, dedo em riste, carne,  não é bastante.

PAULO ROBERTO WOVST LEITE
PRÉ SUPOSTO

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Amor e dor

Amor e dor caminham de mãos dadas e vão passear no parque, no cinema, na escadaria da matriz, no banco da praça. Amor e dor nunca se separam, moram no mesmo endereço, dormem na mesma cama, compartilham o mesmo copo, corpo...

PAULO ROBERTO WOVST LEITE
TIRANIA DOS SENTIDOS

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Cesc

Daqui do outro lado do oceano
penso em ti
não como quem me manda correios,
mas como um amigo que troca idéias comigo
passeando a margem do rio Itajaí-Açu.

Daqui do outro lado do oceano
aprendo contigo
não como quem lê um livro,
mas como alguém que bebe da fonte
do que trazes na mente.

Daqui do outro lado do oceano
quando observo suas telas
me sinto com asas
e posso viajar para onde quiser
o mundo fica ao meu alcance.

Daqui do outro lado do oceano
te mando um abraço
não como quem manda um atenciosamente,
mas como quem toma uma taça de vinho
com um amigo que entre risos abraçam-se.

PAULO ROBERTO WOVST LEITE
HOMENAGENS

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PARADOXO


Hoje tudo começou com chuva e lágrimas na cidade do clima extremo,
nem a preocupação com uma possível enchente 
e os comentários durante o dia,
no balcão, na fila, no elevador, no almoço, pela tarde a fora e no café,
levou a imagem dos olhos marejados daqueles dois homens.
A alegria deles foi embora 
e não sei por quanto tempo, 
talvez nunca mais os veja, 
aqui na cidade do clima extremo.

PAULO ROBERTO WOVST LEITE
TIRANIA DOS SENTIDOS

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Graduando

Da minha cadeira eu vejo...
Ela é seca, dramática, amargurada,
irônica, debochada, provocadora,
se esconde atrás de um ar de suposta superioridade
e lá pelas tantas sempre sai com uma tiradinha.
De vez enquando afirma que só faz por dinheiro.
Personalidade ou comportamento?


PAULO ROBERTO WOVST LEITE
TIRANIA DOS SENTIDOS

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

CORVO BRILHANTE

Beltrame,

Branco e seco, tipo hospitaleiro.
Sua diplomacia sempre lhe rendeu
boas amizades e parcerias.

Tocou um sino dentro de sua cabeça
numa manhã cinzenta
e Beltrame sentiu-se ausente.

Abriu a porta e não olhou para trás,
ouvia uma voz atrás de si,
mas não podia reconhecê-la.

Ganhou a rua e ouvia risos,
enquanto dava passos,
enquanto empurrava o corpo pela calçada.

Uma garotinha parou a sua frente
e dizia coisas desconexas,
sua boca abria e fechava sem parar,

não podia entender,
não podia fazer nada,
não sabia do que se tratava,

lembrou do arco íris
que perseguiu durante anos
em sua infância atrás do pote de ouro.

Chorou!

Denise havia o balançado,
tinha um sorrido de poucos anos,
ele era apenas um garotinho,

ela tinha um irmão mais velho que teve que levar
uma pedrada na cara por ter sido tão idiota,
custou-lhe um possível amor.

Primeira vingança,
primeira decepção.
Denise teve medo!

Quando jogava, gostava de ganhar,
se perdia fazia confusão,
seus amigos não o compreendiam.

Tinha um imenso buraco em seu coração,
uma cara de pau imensa
e um bando de sem ter o que fazer.

Um gritou bem forte aos seus ouvidos:
Duvido que tu pula bunda mole!
Virou-se,  riu desesperadamente

e saltou num vôo sem direção
da ponte ruindo aos pedaços,
a ambulância demorou um pouco.

PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Pré Suposto