sábado, 21 de outubro de 2017

O AR QUE ME FUDEU OS PULMÕES



Foi ali, logo ali,
na santa casa da imaculada alguma coisa,
que sai do aconchego do útero
e escapando as entranhas respirei o ar.

E era um ar desses,
a quarenta e oito e mais anos passados,
provavelmente mais puro,
no entanto não menos nefasto.


Transitivo direto e indireto,
Paulo Roberto Wovst Leite.

domingo, 15 de outubro de 2017

TIRANÓPOLIS



Fétida ilha,
cheirando a excremento
vômito, urina e fezes
onde lixos são ambulantes
e empesteiam o ar.

De norte a sul,
por todos os canais,
por entre e por debaixo
da ponte iluminada decadente
pedem para morrer.

E se não o fazem
por incompetência,
atribuem a outrem sua desgraça,
já que não mergulham de cabeça,
mas atolados seguem na merda.


De brinquedos quebrados,
Paulo Roberto Wovst Leite.

domingo, 13 de agosto de 2017

ACUMULANDO PONTOS




Garantias de que estava no lugar certo,
nenhuma!
Quem dera houvesse outrora,
jamais houve!
É como tocar piano para uma plateia surda,
numa cadeira elétrica.
Talvez uma performance eletrizante,
com um final feliz os salve
da inércia e da mudez,
uma vez que seus olhos podem enxergar.
Quem dera!


Tirania dos sentidos,
Paulo Roberto Wovst Leite.

DESCENTRALIZANDO



Minha cabeça saiu para passear,
projetou-se pelas portas,
por entre as grades,
do jardim suspenso,
protegido.

Caminhou pelas ruas,
ao lado das calçadas
ocupadas
de manhã à noite
urinadas.

Entorpecidos ao sol,
entorpecidos ao luar,
lugar nenhum,
todos os lugares,
marquises.

Corpos projéteis
lançados,
perdidos,
procuram um alvo,
alojar.

Sob um céu
de arranha céus,
tenho aplicativo,
rotas integradas,
sul.


Tirania dos sentidos,
Paulo Roberto Wovst leite.