quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

CORVO BRILHANTE

Beltrame,

Branco e seco, tipo hospitaleiro.
Sua diplomacia sempre lhe rendeu
boas amizades e parcerias.

Tocou um sino dentro de sua cabeça
numa manhã cinzenta
e Beltrame sentiu-se ausente.

Abriu a porta e não olhou para trás,
ouvia uma voz atrás de si,
mas não podia reconhecê-la.

Ganhou a rua e ouvia risos,
enquanto dava passos,
enquanto empurrava o corpo pela calçada.

Uma garotinha parou a sua frente
e dizia coisas desconexas,
sua boca abria e fechava sem parar,

não podia entender,
não podia fazer nada,
não sabia do que se tratava,

lembrou do arco íris
que perseguiu durante anos
em sua infância atrás do pote de ouro.

Chorou!

Denise havia o balançado,
tinha um sorrido de poucos anos,
ele era apenas um garotinho,

ela tinha um irmão mais velho que teve que levar
uma pedrada na cara por ter sido tão idiota,
custou-lhe um possível amor.

Primeira vingança,
primeira decepção.
Denise teve medo!

Quando jogava, gostava de ganhar,
se perdia fazia confusão,
seus amigos não o compreendiam.

Tinha um imenso buraco em seu coração,
uma cara de pau imensa
e um bando de sem ter o que fazer.

Um gritou bem forte aos seus ouvidos:
Duvido que tu pula bunda mole!
Virou-se,  riu desesperadamente

e saltou num vôo sem direção
da ponte ruindo aos pedaços,
a ambulância demorou um pouco.

PAULO ROBERTO WOVST LEITE
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