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O AR QUE ME FUDEU OS PULMÕES

Foi ali, logo ali, na santa casa da imaculada alguma coisa, que sai do aconchego do útero e escapando as entranhas respirei o ar. E era um ar desses, a quarenta e oito e mais anos passados, provavelmente mais puro, no entanto não menos nefasto. Transitivo direto e indireto, Paulo Roberto Wovst Leite.

TIRANÓPOLIS

Fétida ilha, cheirando a excremento vômito, urina e fezes onde lixos são ambulantes e empesteiam o ar. De norte a sul, por todos os canais, por entre e por debaixo da ponte iluminada decadente pedem para morrer. E se não o fazem por incompetência, atribuem a outrem sua desgraça, já que não mergulham de cabeça, mas atolados seguem na merda. De brinquedos quebrados, Paulo Roberto Wovst Leite.

ACUMULANDO PONTOS

Garantias de que estava no lugar certo, nenhuma! Quem dera houvesse outrora, jamais houve! É como tocar piano para uma plateia surda, numa cadeira elétrica. Talvez uma performance eletrizante, com um final feliz os salve da inércia e da mudez, uma vez que seus olhos podem enxergar. Quem dera! Tirania dos sentidos, Paulo Roberto Wovst Leite.

DESCENTRALIZANDO

Minha cabeça saiu para passear, projetou-se pelas portas, por entre as grades, do jardim suspenso, protegido. Caminhou pelas ruas, ao lado das calçadas ocupadas de manhã à noite urinadas. Entorpecidos ao sol, entorpecidos ao luar, lugar nenhum, todos os lugares, marquises. Corpos projéteis lançados, perdidos, procuram um alvo, alojar. Sob um céu de arranha céus, tenho aplicativo, rotas integradas, sul. Tirania dos sentidos, Paulo Roberto Wovst leite.