PÃO E POESIA - FAZENDO HISTÓRIA À 12 ANOS

Poesia acompanha
café da manhã
Programa incorpora literatura ao cotidiano dos blumenauenses
Marli Rudnik

Blumenau - A poesia passou a fazer parte do café da manhã de muitos blumenauenses, desde que a Fundação Cultural de Blumenau implantou, em dezembro, o programa "Pão e Poesia". O pão quentinho vem embalado nos mesmos saquinhos pardos, que agora apresentam poemas de autores brasileiros e ibéricos, como o português Fernando Pessoa e o espanhol Federico Garcia Lorca. Mais de 20 panificadoras já aderiram ao programa, e a meta é atingir a totalidade dos estabelecimentos (cerca de 250) este ano.
A Fundação Cultural está cadastrando os poetas interessados em participar da 2º tiragem do "Pão e Poesia". Prevendo a grande demanda, o presidente da FCB, Bráulio Maria Schloegel anuncia a criação de um Conselho Editorial, com cinco escritores blumenauenses, que vão fazer a programação visual das embalagens. Hoje são os próprios donos das padarias que escolhem os textos, impressos na gráfica da FCB, com recursos do Fundo Nacional de Cultura (os empresários só fornecem os pacotes). "As padarias têm o pão, nós temos a poesia", justifica Schloegel. Cada poema é impresso no máximo em 500 sacos. Mais de 100 mil embalagens já estão circulando nas padarias dos bairros.



MULTIPLICAÇÃO
DOS PÃES

Quem sugeriu o uso de poemas em embalagens foi o poeta Lindolf Bell, que já colocou versos em camisetas, cartões postais, adesivos, garrafas e outros espaços inusitados. "Ele viu a idéia numa feira em Curitiba, só que em embalagens de presente. Nós adaptamos para as padarias", explica o presidente da FCB. O programa "Pão e Poesia" faz parte de outro projeto maior, o "Arte nos Bairros", iniciado em 1993 pela ex-presidente da Fundação, escultora Elke Hering (1940-1994), e representa uma alternativa para os poetas interessados em divulgar seu trabalho. Bráulio não descarta a possibilidade de publicar uma antologia dos poetas participantes, no final do ano.
Mais do que revelar talentos (muitos autores iniciantes estão mandando seus trabalhos para a Fundação), o programa está dando certo porque leva a poesia a lares onde não existem livros de poemas, e a pessoas não familiarizadas com os versos. "Muitos nunca leram um poema antes e estão descobrindo este prazer", diz Bráulio. O presidente do Núcleo dos Panificadores da Associação Comercial e Industrial de Blumenau, Sérgio Lange, proprietário da Panificadora e Confeitaria Aroma, afirma que os clientes não escondem a satisfação, quando descobrem os poemas nos pacotes de pão. "Alguns chegam a colecionar as embalagens, dizendo que não podem comprar livros".
O caráter educativo do programa fica por conta dos temas selecionados para impressão. Nos primeiros meses, o poeta blumenauense Geraldo Luz, falecido em janeiro de 1997, foi homenageado. Neste ano será destacado o trabalho do tubaronense Martinho Brüning, que faleceu no dia 05 de janeiro último. Concursos de poemas da rede municipal de ensino e as homenagens ao centenário de morte de Cruz e Sousa também serão lembrados nos pacotes de pão. "A poesia vai passar a fazer parte do dia-a-dia das pessoas, assim como o pão", garante o presidente da Fundação.
As artes plásticas de Blumenau também estão entrando nas casas dos blumenauenses, através dos calendários de 1998, confeccionados em serigrafia e ilustrados com obras de César Otacílio e Homero Moser. A Fundação Cultural confeccionou 150 calendários numerados e assinados a mão pelos artistas, selecionador por meio de concurso. "Quando o ano terminar, as pessoas podem recortar as ilustrações, emoldurar, e ter as reproduções das obras originais dos artistas", explica Schloegel.
FONTE: 
http://www1.an.com.br/1998/jan/24/0ane.htm

Comentários

  1. querido amigo, parabéns pela participação neste projeto. Estou por aqui (mesmo na correria) torcendo sempre pelo seu sucesso, para que sua arte seja conhecida cada vez mais.

    Abraço e saudade

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