Homenagem de Gratidão

Na melancolia,
No frio,
Na fila de espera,
Na ruga esculpida pelos anos.

O corpo cambaleante e flácido
sem paciência espera,
não tem escolha,
apenas espera sua vez.

Não sabe o que virá,
dependente,
às vezes ousa chorar,
o rio Itajai-Açu corre para o mar.

Algumas pessoas esperam pelo sol,
outras reclamam da chuva,
uma garotinha brinca, nem aí,
está tudo muito divertido.

Ela pode um dia ganhar um concurso de beleza:
Miss simpátia!
Coroa de flores
e um anel de noivado do namorado.

Ele pode um dia ganhar um título:
Funcionário Padrão!
Por ser tão gentil,
sorridente e dar bom dia.

Uma música soa,
passa de carro,
atormenta os ouvintes,
burburinhos, conversas paralelas.

Conversas sobre o mesmo assunto
que não interessa a ninguém,
chega a vez de mais doze,
a fila diminui.

A sabiá canta para seu parceiro,
o chamando da goiabeira ao lado,
quer acasalar,
quer perpetuar a espécie.

PAULO ROBERTO WOVST LEITE
Pré suposto

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