CADA DIA SE BASTA (parte 2)
HORÁRIO NOBRE Elisa já se acostumara a ver o marido assim, na verdade não o conhecera diferente, mas ultimamente andava magoada e a voz de seu pai parecia viva dentro de si lembrando-lhe os defeitos de Tenório. Elisa sempre dedicara ao seu homem um amor de menina moça, apaixonada, impressionada com as vociferações, discursos e a habilidade dele com as palavras, orgulhosa com os seus muitos compromissos, com toda aquela gente importante que lhe ligava, procuravam-o ou surgiam no portão chamando-o a qualquer hora. E lá estava Tenório, controle remoto numa mão, charuto na outra e um copo de conhaque a espera, olhou-o fixamente e surgiu-lhe um espanto, um arrepio, uma coisa, correu pro telefone, mas no caminho precipitou-se ali mesmo, na ante sala, olhou pro lado e viu o pai deitado numa maca, morrendo no hospital, segurando-lhe a mão e falando (não como no dia do acontecido com voz fraca e trêmula) com voz firme e dura: _Filha o que me importa aquele glutão ocioso, acaso nessa h