CADA DIA SE BASTA (parte 2)
HORÁRIO NOBRE
Elisa já se acostumara a ver o marido assim, na verdade não o conhecera diferente, mas ultimamente andava magoada e a voz de seu pai parecia viva dentro de si lembrando-lhe os defeitos de Tenório.
Elisa sempre dedicara ao seu homem um amor de menina moça, apaixonada, impressionada com as vociferações, discursos e a habilidade dele com as palavras, orgulhosa com os seus muitos compromissos, com toda aquela gente importante que lhe ligava, procuravam-o ou surgiam no portão chamando-o a qualquer hora.
E lá estava Tenório, controle remoto numa mão, charuto na outra e um copo de conhaque a espera, olhou-o fixamente e surgiu-lhe um espanto, um arrepio, uma coisa, correu pro telefone, mas no caminho precipitou-se ali mesmo, na ante sala, olhou pro lado e viu o pai deitado numa maca, morrendo no hospital, segurando-lhe a mão e falando (não como no dia do acontecido com voz fraca e trêmula) com voz firme e dura:
_Filha o que me importa aquele glutão ocioso, acaso nessa hora precisaria eu ouvir alguma mentira daquele falador!
Voltou-lhe a visão da sala e a lembrança, precisava falar com Emiliano, não conseguia se mover e temeu e gritou por Tenório e ouviu-o dizer:
_ Agora não Elisa, vem cá você!
Ensaiando um conto...
Paulo Roberto Wovst Leite.
um dia de cada vez, não deve haver outra medida...
ResponderExcluirtalvez a melhor sensação de escrever e quando sabemos que do outro lado, há aquele que vai ler o subtexto do que foi publicado...fico feliz que teus olhos sempre capturam essa mensagem cifrada que vai nas entrelinhas.
obrigada
Grande abraço Ana Karina!
ResponderExcluirQuando li Antonio Lobo Antunes, fiquei sem saber se era um psquiatra-escritor ou um escritor-psiquiatra. Todo aquele universo de sua formação, nos perturbando de dentro...do inadmissível de nós. Diga a Elisa que Tenório não vai atender. Agora não.
ResponderExcluirA bem da verdade diga a Elisa logo de uma vez, que ele não irá agora nem depois, é pra ela continuar chamando que ele diz AGORA não, sem nenhuma pretensão de que se faça um depois.
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